fevereiro 24, 2023

Folclore Nacional - Cuca

 

Vampiros, Lobisomens, Bruxas, Dragões... para todo lado que olhamos nos livros de fantasia, se ver esses seres, mas pouco se sabe a respeito da origem desses seres, como eles surgiram? De onde surgiram? Qual a verdadeira história a respeito deles?

Tentarei gradualmente explicar as histórias que me expiraram para criação de alguns personagens. Nesse post, falarei um pouco do folclore nacional que foi o tema principal do capítulo O Sonho - A Profecia.

O sonho, além de ser um capítulo um tanto quanto esclarecedor para Aurora a respeito de alguns acontecimentos de sua vida. Optei por usar personagens do folclore brasileiro, não apenas para trazer a história para mais próximo do Brasil - afinal um dos livros da sequência será ambientado no Brasil, mas uma situação específica com minha sobrinha me fez pensar. Lembro que quando era criança tanto eu e minha irma aprendemos que no meio do redemoinho tinha um saci, e em um dado momento passeado a família reunida, vimos um mini redemoinho, e minha irmã falou: "Lá vem o Saci!" eu rir e falei para ela tentar pegar, minha sobrinha de 11 anos, séria, nos olhou e perguntou: "Que Saci?" Minha irmã, sem saber o que dizer, a olho espantada e falou o Saci Pererê, do Sítio do Pica Pau Amarelo, e a resposta foi: "Mas ele não existe, é só vento aí." 

Nesse momento, pensei, ela tem um ponto, mas será que ela entendeu o ponto? Então perguntei se ela sabia a história do Saci, a resposta que recebi, foi que era um menino negro de um perna só que vivia no sítio, com a Emília, resolvi aprofundar um pouco mais, perguntei a respeito do curupira, da cuca e recebi apenas um dar de ombros. Parei para pensar, por que nossos jovens sabem tão pouco das nossas histórias? A profecia, é um livro que não se passa em um lugar específico, seja ele real ou fictício, boa parte dos personagens foram inspirados em mitos, histórias de diversos países, então resolvi dá um peso maior em um dos capítulos ao folclore brasileiro incrementando personagens como Boitatá, Cuca, Saci e Curupira. Reforço não serão os únicos personagens do folclore nacional que aparecerão ao longo da história.

Então comecemos pelo personagem que primeiro aparece me nossa história 


A CUCA!


Uma das lendas mais tradicionais do folclore nacional, a da Cuca, é descrita como um ser mítico com forma de uma mulher velha com feições amedrontadoras. Sendo retratada em diversas músicas e cantigas antigas, sua descrição mais conhecida foi elaborada por Monteiro Lobato, sendo descrita em suas histórias como uma bruxa má em forma de jacaré e cabelos loiros.

Segundo a lenda, fica espreita das casas durante a noite e captura as crianças que não dormem na hora correta, inquietas e desobedientes, por muitos essa lenda era utilizada para amedrontar as crianças.


Diferente da versão de Monteiro lobato na lenda tradicional, descreve a Cuca como uma mulher bem velha, magra e corcunda, de pele bastante enrugada e cabelos brancos, tal descrição fez com que ela fosse encarada em muitos locais uma verdadeira bruxa, feiticeira, conhecida por realizar maldades.

Mas não se enganem, apesar de presente no folclore brasileiro, a lenda da Cuca não surgiu aqui, alguns estudos apontam que a Cuca é originária da Península Ibérica - Compreende os países de Portugal, Espanha e Andorra, uma pequena fração do território francês e o território britânico de Gibraltar. - Sendo presente na cultura tanto de portuguesa quanto espanhola, ali era conhecida pelos nomes de Coco e Coca.

Sua lenda na Península Ibérica se manifesta de diferentes maneiras, onde:

  •  Na Espanha, possuía a forma de um dragão e assim como em Portugal, acreditava-se que ela poderia ser um papão, isto é, poderia devorar seres humanos; 
  • Na região da Galícia, acreditava-se que saía pelas ruas no dia de Corpus Christi para cometer maldades
  • Em uma região de Portugal chamada Minho, era comum desenhar um rosto tenebroso em uma abóbora e colocá-la em locais públicos da vila/aldeia com o cair da noite, assim a abóbora era decorada com uma vela, que destacava o rosto assustador, assustando assim as crianças.

Em todos os casos, era um ser horrendo, assustador que fazia ações maléficas, e tal ser monstruoso ficava à espreita das crianças nos telhados das casas, impedindo-as de dormir e aguardando uma oportunidade para capturá-las. 

A lenda da Cuca chegou ao Brasil, possivelmente, durante o período da colonização, se fazendo presente em todo o território nacional, ficando muito conhecida por conta das canções de ninar que mencionam esse ser. 

"Durma, nenê,

Senão a Cuca vem.

Papai foi à roça.

Mamãe logo vem. "

Por influência da cultura africana, alguns lugares passaram a enxergar a Cuca como um negro velho ou negra velha. Segundo o folclorista e antropólogo Luís da Câmara Cascudo, no idioma mbunda, o termo “cuco” ou “cuca” é usado para se referir a um avô ou avó, portanto a uma pessoa velha. Logo, acredita-se que o “negro velho” era uma versão da Cuca na cultura africana.


BÔNUS: A CUCA de A PROFECIA

Para descrever a aparência da Cuca no livro, usei como base ambas descrições - a lenda tradicional e a descrição de Monteiro Lobato. - Com uma aparência mais fiel a de um jacaré, a Cuca surge em meio ao caos estabelecido na mata, utilizando de sua força e resistência para resgatar os animais, mas que fora de perigo assume uma forma mais "humana". Notem que diferente dos outros seres, ela foi sucinta em contar sua história, dando a entender que diferente dos demais, ela tem um certo receio em relação a sua lenda, receio esse que apesar de nada falar, não passou despercebido por Aurora. A jovem deixa claro que não se incomoda com a lenda da Cuca ao constatar que todos os seres ali presentes protegem a mata, demonstrando assim para os presentes o motivo de ser a "humana da profecia" responsável por salvar o mundo de uma grande ameaça.

janeiro 30, 2023

O Precipício


Sabe quando você percebe que tem algo errado? Quando você está bem próximo o precipício? Pensando um pouco a resposta não é tão difícil, é simples, mas o mais importante está na pergunta, ao ter algo errado a solução pode ser simples, após identificar o erro basta procurar a solução e colocá-la em prática, mas a beira do precipício não é tão fácil assim. 

         Algo está errado, quando seu corpo está cansado, quando você se sente incomodado com algo ou alguém, quando seu estresse está no máximo, quando coisas simples te tiram do sério, você fica nervosa, triste… são pontos em que você nota tem algo errado, então você procura ajuda, uma solução. Mas quando você está abeira do precipício não assim tão simples, já passou a fase "tem algo errado", você já procurou pela ajuda, e não achou. O precipício vem depois daquele momento em que você se dá conta que está sozinho, que ninguém vai lhe ajudar, apoiar, ou simplesmente lhe oferecer um ombro para chorar.

        Você nota que chegou ali, quando as coisas que você mais gostava, simplesmente perdem a graça ou você não tem mais forças para efetuá-las, aquele passatempo que você amava não lhe atrai mais. Aquela jovem que virava as noites lendo livros e livros, hoje não tem ânimo para ler um post em rede social, aquela pessoa que adorava escrever, ler, responde os comentários em suas postagens, hoje demora séculos para escrever uma linha, e muitas vezes refaz a mesma diversas vezes. 
       A escrita alegre se torna melancólica, as músicas e vídeos de danças dão lugar a palestras de motivação em uma tentativa vaga de tentar se reerguer. Aquela profissional exemplar, sempre concentrada no trabalho, se tornou dispersa, e lenta, não por perder a eficiência, mas a vontade de voltar para casa no fim do dia.
      
Lembra daquele sorriso que iluminava a todos ao redor, aquela alegria, a gargalhada fácil? Foram se perdendo gradualmente, hoje tem pessoas ao seu redor que jamais ouviram sua bela gargalhada ou aquele brilho no seu olhar, mas ninguém notou. Ninguém notou você se fechando para si, ninguém notou que você não canta mais, não dança, ninguém notou seus olhos inchados de tanto chorar, nem a dor refletida em seus olhos. Seu corpo não tem marcas, mas sua alma está dilacerada. 
As poucas vezes em que fala que não está bem, qual a resposta? Nunca é uma mão amiga para te ajudar, são sempre palavras julgadoras que acerta sua alma como uma chuva flechas, nunca, surge alguém para juntar os caquinhos, na verdade, às vezes parece que querem transformar os caquinhos em pó.


          Acho que já passou da hora das pessoas notarem que as palavras machucam e muito, que as ações ou ausência delas falam mais que milhares de “eu te amo”! Me pergunto que amor é esse, que está sempre pronto para te derrubar, para te fazer sentir a pessoa mais inútil da face da terra, criticam sua roupa, seu cabelo, as músicas que você gosta, sua forma de fala, seus hobbies, sua alegria? Que amor é esse que fez e faz de tudo para te manter o máximo isolada do mundo, te afasta dos amigos, afinal “Só querem te explorar, e escola/faculdade/trabalho não é lugar de amigos”. Passam horas criticando seu local de trabalho, afinal “eles não te pagam hora extra? Não tem mais ninguém lá para fazer isso? Não confie em ninguém, eles querem te derrubar.” Ou pior, te faz sentir como se nada que você faça é importante, afinal, “você não tem nada de importante para fazer hoje, pode faltar o trabalho para levar meu filho ao parque“Você não tem filho, marido, família, então não entende meu cansaço, pode muito bem trabalhar a semana toda e aos fins de semana cuidar dos seus sobrinhos, afinal eu preciso descansar”.

O que as pessoas esquecem que o precipício é atrativo, aquele momento que você olha para baixo você não tem mais vontade de sair dali, pelo contrário sua vontade é de se jogar e abraçar a escuridão, afinal ela é sua melhor amiga e ninguém te entende como ela. E para ir contra a vontade de se jogar é preciso uma força extrema, força essa que muitas vezes não temos mais.

Voltando a pergunta, você sabe que está à beira do precipício, quando se cala, quando não sente mais nada, não vive e sim sobrevive, e não tem ideia de como sair da beira. Prometo que quando descobrir te aviso ou talvez tenha que esperar meu cavaleiro ou ceifador vir me salvar, só espero que não demore muito.



 




dezembro 13, 2022

Uma boa vida

            

       Charles Chaplin disse uma vez que, "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos." mas o que ele quis dizer com essa frase? Acredito que não seria para vivermos como se não ouvesse amanhã, apenas ter uma boa vida.
     Mas o que seria uma boa vida? A cultura oriental tem costume de dizer que não se deve ter arrempendimentos, o que acredito ser um bom principio, não interessa o que os outros vão pensar desde que sua conciencia esteja tranguila.
    As vezes ficamos tão focados na correria do dia a dia que esquecemos de olhar ao redor, de observar a natureza, ou apenas notar que existe coisas simples e mais importantes, as vazes fazemos esforços para ajudar instituições de renomes e esquecemos de oferecer a mão ao vizinho que as vezes precisa apenas de ombro amigo, esquecemos dequele pai de familia que vede bala no sinal para sustentar sua familia. Alguns sabem cada passo daquele artista que admira, se está casado, namorando, se fez algum procedimento estético, mas não percebe quando seu companheiro alterou o corte de cabelo e virse versa, muitos sabem toda escalação do seu time de futebol, mas poderia fazer o mesmo com os quase doze professores de seus filhos, ou pelo menos o nome e endereço de algos amiguinhos?
     Muitos fala que esse geração é a geração nutela ou mimi,  outros fala que é a geração mais depressiva de todas, mas eu me pergunta de quem seria a culpa? Por que dessa geração ser tão "frágil" se assim podemos dizer? Lembro claramente de minha mãe ir na escola conversar com meus professores até meus 17 anos, ela sabia e sabe até hoje o nome de praticamente todos e ainda tem todos eles no Facebook, lembro de mesmo com a correria do trabalho ela achava tempo para olhar minha agenda, minha mochila quando era pequena, e no Ensimo Médio ela achava tempo para pergunta se eu fiz a tarefa de casa.
      Minha geração tinha o costume de no sabado reunir toda familia para fazer a faxina da casa e no domigo sentávamos para assistir temperatura maxima. Ainda sou da turma que ia passar as férias na casa dos avós e lá passava o dia brincando na rua enquanto as senhoras fofocavam ou bordavam na calçada, bandeirinha, queimada, peteca entre outros jogos era a diversão da turma até mesmo adultos entravam na roda.  
         Os intervalos, que na minha epoca chamavamos de recreio, e tinha apenas uma funçao brincar, porque o lance era servido em sala pelos professeres e poucos desses se refugiavam na sala dos professores, corre cotia, biloca, bafo, dama, dominó, xadrez, pega vareta é apenas alguns dos jogos que aprediamos nos dias de chuva, porque se tivesse sol, era na quadra que estavamos. Aprendemos a cair e levantar, se brigou com o colega a sentar e resolver, o pai ser chamado na escola era o terror do aluno. Sou da geração em que os pais estavam sempre presentas na escola, e não importa o que fosse o pai e a mae eram altoridade maxima, mas tambem eram nosso melhores amigos. Hoje parece que alguns pais esqueceram que é caido que a criança aprende a andar, esqueceram que o presente não é importante e sim a presença dele, as fezes o simples sentar na sala para assistir um jogo de futebol com seu filho, dançar a musica favorita da sua filha com ela, ou desemterrar um  dominó e jogar junto.
   
           Então acredito que uma vida boa é uma vida sem arrependimentos, e aí? Como tem levado sua vida? 
 
 
 

Tristeza

    " Tão frágil como uma flor e, ao mesmo tempo, tão forte quanto uma rocha; Tão leve quanto uma pena, mas tão pesada quanto um meteor...